domingo, 27 de abril de 2014

A compreensão do óbvio



                 Já passei por alguns desabres da vida profissional por me esquecer de falar o óbvio.
                 O óbvio é aquela coisa que achamos que, por ser tão óbvia, não precisa ser dita, porque todo mundo já estar cansado de saber. Mas, na prática, não é bem assim.
                  Havia alguns anos, trabalhava na empresa líder do ramo de batatinhas fritas. Nosso produto tinha liderança enorme folgada, coisa de 70% do mercado. Um dia, concorrente resolveu escrever no pacotinho de batata esta frase: " Não contém colesterol".
                  Não passou uma semana e os nossos gerentes pelo Brasil afora começaram a me ligar para perguntar se não poderíamos também fazer uma batatinha frita sem colesterol. Respondi que nossa batata não tinha colesterol. Era óbvio. Batatas são fritas em óleo vegetal, e óleo vegetal não tem colesterol. Apenas gordura de origem animal tem colesterol.
                  O que era óbvio para mim não era óbvio para o consumidor. As vendas começaram a cair até que determinado dia me rendi ao óbvio. Pedi para escrever bem grande no pacotinho: "Totalmente sem colesterol". As vendas voltaram ao normal. Os meus gerentes até escreveram elogiando o sabor da nova batatinha sem colesterol, sem acreditar que a batata era a mesma de sempre.
                   Daquele dia em diante, aprendi que boa parte dos mal-entendidos e dos desencontros em empresas acontece porque alguém achou que não precisava ficar cansado de saber. Mas por que estou dizendo essas coisas, já que são tão óbvias? Exatamente por isso.

                                                                                                    Max Gerhringer





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